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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

OQUE FAZEMOS?



TRISTE REALIDADE
Entre todas as desgraças que se abatem sobre a humanidade, com certeza a fome é uma das piores. Jamais esteve nas determinações de Deus que o ser humano, por Ele criado e pupila de seus olhos, conhecesse privações e penúrias materiais durante sua passagem pela Terra. No entanto, as cenas de mães e filhos esquálidos, envoltos em trapos e rodeados de moscas, já se tornaram comuns, a ponto de ficarmos insensíveis diante de tanta miséria e sofrimento. É verdade que, com o objetivo de amenizar aquele sofrimento todo, uma ou outra celebridade ou meio de comunicação lança campanhas para angariar fundos de ajuda, mas, logo depois, tudo já está esquecido e a problemática da fome continua, ou até piora!
DEUS É PAI!
A miséria não é castigo de Deus, mas conseqüência da ganância e da má vontade do ser humano. Na Bíblia podemos encontrar, em muitas passagens, o grande problema da fome e o esforço para eliminá-la. No Antigo Testamento, com freqüência encontra-se a proclamação de um Deus que ampara e protege os pobres e desvalidos (cf. Is 25,4; Sl 69,34). No deserto, diante das dificuldades, o povo sente a tentação de voltar.
Ao sentir fome, começa a murmurar contra Moisés e Aarão dizendo:
“Era melhor termos sido mortos pela mão de Javé na terra do Egito, onde sentávamos junto à panela de carne, comendo pão com fartura. Vocês nos trouxeram pelo deserto para fazer toda esta multidão morrer de fome”.
A resposta de Deus foi “fazer chover pão do céu”, mas ninguém podia guardar o maná para o dia seguinte. No projeto de Deus, não pode haver acúmulo. Todos têm o mesmo direito aos bens, de tal modo que não faltem para alguns e nem sobrem para outros (cf. Ex 16,3-5).
No Novo Testamento, os pobres são proclamados felizes porque neles Deus pode manifestar sua bondade, justiça e misericórdia. Isso é afirmado claramente nas bem-aventuranças (Lc 6,20-23), que exaltam o amor gratuito do Pai, como característica e prenúncio do Reino anunciado por Jesus. Para cada ser criado, Deus planejou a forma de alimentá-lo (cf. Gn 1,29-30). Como e quando então começou o problema da fome? Foi quando o ser humano se rebelou ao projeto de Deus e criou seu próprio projeto que levou à escravidão e à morte. Dessa forma, as relações humanas e fraternas transformam-se em relações de poder e opressão.
“DAI-LHE VÓS MESMOS DE COMER”
(Mc 6,33-37)
Não podemos ficar de braços cruzados, apenas esperando que os governos resolvam o problema da fome. Todos nós, como criaturas de Deus e cristãos, não podemos ficar sossegados enquanto um irmão nosso estiver com fome.
Uma escolha preferencial
A partir da II Assembléia Geral dos Bispos da América Latina, - em Medellín (1968), os pobres adquiriram significativa força de expressão na pastoral da Igreja. Não se trata de uma posição completamente nova, pois, desde que a Igreja nasceu, a presença de pobres tem sido sempre uma forte interpelação para ela. Ao longo de sua história, as comunidades cristãs sempre realizaram gestos de solidariedade, como também muitos de seus fiéis chegaram a dar a vida por denunciarem a existência da pobreza como sendo fruto de políticas iníquas e desmedida ganância de poucos. São Basílio, durante a grande fome de 368, levantou a voz contra os ricos indiferentes e organizou refeições gratuitas para o povo.
Dizia o santo:
- “Conheço muitos que jejuam, oram, praticam obras piedosas, que não prejudicam seus bolsos, mas que nada dão aos infelizes. Para que servem seus méritos? O Reino dos Céus está fechado para eles” (Homilia VII, 1,3-4).
São Cipriano de Cartago (+ 258) afirmava:
“A todos pertencem os bens de Deus que nós usamos. Ninguém deve ser afastado de seus benefícios e de seus dons. Seguindo seu exemplo, aquele que possui bens desta terra e divide com os irmãos seus ganhos, imita Deus-Pai, se coloca à disposição de todos, distribuindo gratuitamente”. (Sobre as boas obras e a esmola, 9-12; 26).
Como a Igreja e os cristãos dos primeiros séculos, também a Igreja da América Latina não ficou indiferente diante da problemá­tica da pobreza, decidindo usar um carinho e um empenho especial pelos pobres. É o Espírito que não nos permite ficarmos indiferentes diante de tanta miséria que tende a se agravar.
Se a pobreza e a fome são expressões da falta de amor, isso contrasta frontalmente com o advento do Reino de fraternidade e de justiça pelo qual Cristo veio entre nós e deu sua própria vida.
Para refletir e agir
1.º Quais são as principais causas da fome no mundo?
2.º A fome e o juízo final: Reflitam sobre Mt 25, 25-36.
3.º Há solução para a fome no mundo? Qual?
4.º O que nós já fizemos para amenizar a fome de alguém?
Mundo desigual
• Quatro cidadãos dos EUA – Bill Gates, Paul Allen, Warren Buffett e Larry Ellyson – concentram em suas mãos uma fortuna equivalente ao PIB de 42 países pobres, com uma população de 600 milhões de habitantes;
• No Brasil, 10% dos brasileiros mais pobres recebem 0,9% da renda do país, enquanto os 10% mais ricos ficam com 47,2%.
• A cada sete segundos morre uma criança de fome.
• Na Guatemala, 50% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica.
• Segundo o Banco Mundial, 1,2 bilhão de pessoas sobrevivem com menos de 1 dólar por dia.
• 54 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da miséria, recebendo menos de meio salário mínimo por mês;
• Em 2002, somente no Afeganistão, a guerra custou 13 Bilhões de dólares. No mesmo ano o Pentágono gastou apenas 10 Milhões de dólares em obras civis e humanitárias.
• Existem cerca de 4 milhões de famílias sem-terra no Brasil. Se entregássemos 15 hectares a cada família, seria necessário desapropriar 60 milhões de hectares. Segundo o governo existem 120 milhões de hectares que podem ser desapropriados. (2004)
• As 18 maiores propriedades do Brasil somam 18 milhões de hectares, que correspondem a um território equivalente a Portugal, Suíça e Holanda juntos.
• Em apenas meio dia de guerra no Iraque, o exército norte-americano gasta mais do que as Nações Unidas investem, anualmente, no programa para erradicar a Aids e a malária nos países pobres.
Fontes: Documentos internacionais da ONU, UNICEF, OMS, FAO e UNAIDS

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