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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Preparar a festa


Dom Alberto Taveira Corrêa, domalberto@fundacaonazare.com.br
A Igreja prepara os fiéis para celebrar o Natal do Senhor, abrindo-lhes os corações para entenderem o dinamismo da presença de Jesus Cristo em suas vidas. De fato, nossa prática religiosa não é estática, mas provocadora de atitudes que efetivamente modificam a realidade. Desejamos chegar melhores ao Natal que se aproxima e não nos conformamos em ser meros espectadores do acontecimento da encarnação do Verbo de Deus. A cena do Natal é riquíssima de detalhes e pedimos à Virgem Maria que nos conduza pela mão, diante do grande painel pintado pela Trindade Santa.
A primeira cena é tão comum como extraordinária, o nascimento de uma criança. A Liturgia do quarto domingo do Advento faz ouvir Isaías (7, 10-14): "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel". A Carta aos Romanos (1, 1-7) apresenta Jesus Cristo, filho de Deus, "descendente de Davi segundo a carne" e o evangelista São Mateus conta como foi a "origem de Jesus Cristo". Deus quis percorrer o caminho da família humana, com todas as suas alegrias e vicissitudes. Deus quis sentir fome e frio, acolheu abraço e carinho de pai e mãe, foi peregrino e exilado, trabalhou com mãos de carpinteiro, alegrou-se com o dia a dia de Nazaré. Nenhuma vida humana seja desprezada e maternidade e paternidade sejam de novo valorizadas.
Nosso país se orgulha ao final do censo populacional realizado,  caminhando largamente para uma queda significativa da natalidade. Paradoxalmente fazemos festa porque há menos vida! Ainda que com o risco de sermos incompreendidos, é hora de desejar que não se calem as crianças recém-nascidas e que não tenhamos a tristeza de ver, como outros países do mundo, mais mortes do que nascimentos. O Natal seja preparado com o reconhecimento de que filho é bênção e não trabalho!
A cena do presépio é descrita de forma a mostrar realizada a paz entre a humanidade e a natureza. Quantas pessoas já encenaram o Natal e ficaram contentíssimas até em serem a vaca ou o burrinho, presentes no divino estábulo da noite santa ou, quem sabe, entrar com uma fantasia de estrela falante! Mas todos querem entrar! Teatro muito parecido com a vida! Neste Natal, ninguém se envergonhe das emoções tanto ancestrais quanto verdadeiras. É tempo, sim, de gostar de ter pai e mãe, irmãos, gerações diversas em torno da mesa, histórias de família, ternura e carinho.
As narrativas evangélicas do nascimento de Jesus põem em relevo figuras simpáticas, os pastores de Belém. Neles, três atitudes são ressaltadas. De um lado, acolheram com alegria o anúncio, lá mesmo onde se encontravam, em seu trabalho cotidiano. Depois foram conferir de perto, saindo da rotina para maravilhar-se ao encontrar, com olhos novos, um Menino e sua Mãe. Dali saíram, primeiros evangelizadores, espalhando a notícia, que era grande alegria para todo o povo. Natal se experimenta e se conta aos outros! A nós, a mesma tarefa de acolher boas notícias, vivê-las em primeira pessoa e comunicá-las aos outros!
A delicadeza dos detalhes chega aos homens chegados de fora e de longe, que trazem o melhor que possuem, dando ao rei o ouro, a Deus o incenso e a mirra àquele que passaria pelos vales da sombra da morte. Tem gente chegando neste Natal! Do longe-perto de nossa vida, há crianças, jovens e adultos que neste ano, pela primeira vez tomam conhecimento do que ocorre. Muitos chegam pela porta da caridade, pois um dos sinais da vida dos cristãos, a comunhão dos bens, se faz presente em nosso meio, com a exitosa campanha realizada pela Cáritas Metropolitana de Belém. A Cáritas apenas contribuiu para organizar a caridade, feita de modo sempre mais eficiente pelas paróquias da Arquidiocese. Muitas pessoas abriram o coração, as mãos e as carteiras, tantas outras recebem ajudas e todos fizeram um treinamento para o Céu, pois lá só entra o amor (cf. Mt 25, 31-46; 1 Cor 13, 1-13)!
Por causa dos magos vindos a Belém de Judá, até hoje trocamos presentes no Natal de Belém do Pará, como em todo o mundo. Quem sabe, por termos nome da terra de Jesus, possamos mesmo ser mais seus "conterrâneos", colhendo as lições do Natal para sermos mais fraternos e solidários. Nossa cidade, nascida no Forte do Presépio, seja mais parecida com o Natal. E estes são os meus votos, destinados a todos os homens e mulheres, chamados por Deus a glorificá-lo nas alturas do Céu para que na terra, amados por Ele e repletos de boa vontade, sejam felizes! 

Santa Missa de Natal na Comunidade São José no dia 25/12/2010 às 18h. Todos estão convidados. 
Fonte: Conversa com meu povo

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