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sábado, 8 de setembro de 2012

Caminhando com a Igreja: Missão eclesial


O cristão é aquele que faz a experiência de Cristo Salvador, sob o impulso do Espírito Santo. É este quem nos revela e comunica o Senhor. Aceitá-lo é indispensável para ser cristão. No entanto, esta aceitação requer uma sempre renovada conversão.
A conversão, contudo, não é só algo pessoal, que nos faz mudar ou transformar a nossa vida, seguindo os critérios de Jesus, que o Espírito nos comunica. A conversão é algo que extrapola de nós ou do nosso coração e vai atingir os outros, incitando neles também a mudança ou a conversão. Nisto   essencialmente consiste a missão.
Todo cristão convicto, que se deixou guiar pelo Espírito de Jesus, torna-se missionário. Esse fato era uma realidade na primitiva Igreja. Em quarenta anos, limite de tempo em que foram escritos os Atos dos apóstolos e as Cartas de São Paulo, o número de convertidos já era grande. As primeiras     comunidades faziam questão de ser testemunhas, anunciando Jesus ressuscitado e a presença do Espírito que o Pai mandou para guiar a Igreja no corajoso anúncio do Evangelho. Isso todos faziam com ardor e entusiasmo, mesmo encontrando dificuldades internas e externas muito grandes.
Desde o início tiveram que lutar para que não sobressaísse a instituição religiosa da Igreja acima da ação do Espírito que a conduzia. A instituição é válida e indispensável, mas não deve querer o primeiro lugar. Nesse  aspecto, pode-se dizer que a tentação de fazer “três tendas” não foi só a de Pedro, na transfiguração de Jesus, mas apareceu diversas vezes na Igreja, mesmo em nossos dias em que somos convocados para uma nova evangelização. Não se tem a necessária humildade para sermos coadjuvantes do Espírito Santo e não protagonistas. Isto só o Espírito o é. Mais ninguém, a não ser Jesus que, como Deus e segunda Pessoa da Trindade Santíssima, dele não se separa.
Irmão Carlos de Jesus compreendeu que, uma vez convertido, sua vida devia ser missionária daquele Deus que, para ele, se tornou o Absoluto. Sentiu que devia pregar o Reino do Senhor e sua justiça, estando “pronto para ir aos extremos do mundo por causa do Evangelho”. Ele se propôs “gritar o Evangelho com a própria vida”.

A missão é imprescindível na vivência eclesial. Todos devemos ser missionários de Jesus. O que nos assusta é aquilo que já o apóstolo Paulo acenava: a missão nos leva a “pregar Jesus Cristo crucificado”. Ela não é e nem deve ser triunfalista: para ela não vale só a homenagem dos Ramos, mas   muitas vezes tem que aceitar o Getsêmani e o Calvário. Foucauld desde cedo, após convertido, compreendeu que esse Cristo, a quem entregou a vida, na realidade, aos olhos do mundo, foi um fracassado, humanamente derrotado. Por isso, ele compreendeu que devia crer em Jesus, mesmo quando O contemplava como pobre, misturado com o povo humilde, hostilizado em sua vida pública,   martirizado e morto numa cruz ignominiosa. Isso o fez entender que devia procurar o Senhor, de modo especial, nos pobres ou empobrecidos, nos excluídos, nos fracos, nos fracassados da vida. Ele compreendeu que também ele, para ser legítimo missionário de Jesus, devia ser um fracassado e crucificado com Ele.
Essa atitude de Irmão Carlos deve ser seguida por todos os autênticos missionários que, sob o impulso do Espírito, assumem o mistério total de Jesus no meio dos homens.É dando esse testemunho que a Igreja deve missionar em nossos dias. E o Pe. Mariano afirmou fortemente: “A Igreja tem que ser de testemunhos e não só de documentos”.Nosso tempo e nossa realidade exigem esse testemunho, que pode levar até ao martírio, como já levou a tantos em toda a História da Igreja, ou esse profetismo realmente engajado, que concreti-za, de fato, a palavra evangelicamente doutrinária. Se com isso nossa vida escandalizar, não devemos ter medo. Esse escândalo é válido e justo, inteiramente santo.
Monsenhor Aderson Neder

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