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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Domingo da alegria

Dom Alberto Taveira Corrêa, domalberto@fundacaonazare.com.br
"Alegrem-se o deserto e a terra seca, dance o chão duro, florido como a palma. Os que foram resgatados pelo Senhor voltarão e chegarão a Sião cantando louvores, cobertos de alegria sem fim. Alcançaram a felicidade e o prazer, a dor e a tristeza foram-se embora" (Is 35, 1.10). O Domingo da Alegria, dentro do tempo do Advento, oferece a ocasião para falar de algo que todas as pessoas têm em comum, as que professam a fé e também as que não têm convicções religiosas, o desejo de ser felizes.
Ao final do sexto dia da criação, Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom (Gn 1, 32)! É bom imaginar o sorriso de Deus, feliz por ter criado todas as coisas, tudo pensado como um bonito jardim, destinado à felicidade daqueles que criou à sua imagem e semelhança. Sua alegria testemunha o que Deus é, felicidade eterna na eterna e indivisível Trindade, amor perfeito e eterno, perfeição da unidade e da comunhão. A alegria de Deus, já que nele não há tristeza, é referência de vida para todos.
Não fomos feitos apenas para a verdade, mas também para a alegria. Desde o nascimento, buscamos felicidade e realização, desejando o encontro com a alegria na harmonia com a natureza, no encontro e na comunhão com as outras pessoas e na experiência da presença de Deus. Em nossa vida na terra, maravilhar-se é pressentir o mistério divino. Ele nos fez para a plena realização.
No meio de todos os desafios hodiernos precisamos conhecer a alegria e ouvir o seu cântico. Entretanto, é necessário reconhecer a fragilidade da alegria humana nesta terra. É sadio realismo reconhecer que convivemos com a distância entre o desejo da felicidade e sua realização, além da constatação de que nosso mundo multiplicou as ocasiões de prazeres, mas tem dificuldades para engendrar a alegria (cf. Paulo VI, "Gaudete in Domino"), cuja fonte autêntica é espiritual.
Quem procura Deus encontra sempre a alegria, mas quem procura a alegria nem sempre encontra Deus (cf. Raniero Cantalamessa, Gettate le reti, PIEMME, 2004, pág. 22). Quem procura a felicidade antes de Deus e fora de Deus não encontrará mais do que uma falsa alegria. "Duplo crime cometeu o meu povo: abandonou-me a mim, fonte de água viva, e para si preferiu cavar cisternas, cisternas defeituosas que não retêm a água" (Jr 2,13). As pessoas se reduzem a pensar a felicidade em termos de quantidade, buscando prazeres e emoções cada vez mais intensas, ou acrescentando prazeres aos prazeres, como um drogado que tem necessidade de doses cada vez mais fortes. Só Deus é feliz e pode fazer as pessoas felizes. "Procura no Senhor tua alegria, e ele te dará o que teu coração pede" (Sl 37, 4).
Nosso Senhor ofereceu-nos o caminho da alegria, com o Evangelho. A profundidade de seu olhar interior não embotou sua sensibilidade, pois teve experiência das alegrias humanas! Admirou a natureza, exaltou as alegrias do semeador, ou do homem que descobriu um tesouro, o pastor que encontrou a ovelha perdida, a mulher que dá à luz um filho e nem se lembra das dores, o pai misericordioso que acolhe o filho pródigo! Jesus manifesta satisfação e ternura com as crianças, o jovem rico, ou quando vê a conversão e a libertação das pessoas. Ele semeia a alegria no perdão e na cura e exulta de alegria ao ver que os pequeninos acolhem o Reino de Deus. O segredo de sua alegria é o amor do Pai que o envolve. Ele é o primeiro bem-aventurado, a pessoa mais feliz do mundo! Quando João Batista, o precursor, da prisão envia alguns mensageiros a Jesus (cf. Mt 11, 2-11), a resposta inclui o anúncio da alegria: "os pobres são evangelizados". E evangelho é "alegre mensagem". O Evangelho é anúncio da alegria!
Aos cristãos de hoje, muitas pessoas, em tom de desafio, pedem que lhes mostrem sua alegria (cf. Is 66, 5). E como testemunhá-la? O caminho da alegria passa pela estrada da Páscoa, quando a fé na Ressurreição de Cristo faz passar continuamente da morte para a vida, das trevas para a luz e da tristeza para a alegria. O caminho é feito de saída de si, abertura para o serviço e o amor ao próximo. O apóstolo São Paulo, na Carta aos Filipenses (Fl 4, 4-5), depois de ter convidado os cristãos a se alegrarem sempre, pois o Senhor está próximo, recomenda a amabilidade. O cristão alegre e feliz é afável, aberto ao diálogo, serviçal, livre de preconceitos, criativo, capaz de tomar iniciativa para fazer o bem. A alegria do Senhor é a sua força (cf. Ne 8, 10).  
 
Fonte: Conversa com meu povo 

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